terça-feira, 31 de janeiro de 2012

''E por que é que a gente tem que rir e chorar de uma mesma coisa?..

e procurar a paz; e depois a ingratidão

e desde quando a ingratidão nada tem a ver com a paz?

Você continua triste e doce com seus olhos de poço: profundos e cheios d'água

de águas! porque muitas passaram por aí''

Pedro Britto =)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Eu vou e você?

Minha cabeça já não fala,
é só o santo que manda em mim
Não tô mais por mim,
nem pensando mais em quem morreu,
quem perdeu essa partida
E com tanto lugar pra ir,
porque essa haveria de me entristecer
Não há tempo pra sentar em cadeira de fio e ver a vidinha passar,
quer dizer,
é tempo sim,
para que o que me cerca tenha meus olhos,
meu corpo, e minha (des)atenção,
poupemo-nos dos pequenos e grandes ponteiros
''Importante'' ou banal,
hoje eu digo sim
Sem pressa, salvo às auto-afirmações, 
tá tudo de bem,
tá tudo de bem pra mim,
por isso hoje eu digo sim

''Promessas de um futuro bom.''

Mas se você me vem
Me venha de surpresa
E me assusta sorrindo

Não vamos marcar palavras 
Deixemos esses contratinhos para outrora
Só seja meu amigo 

Vamos nos embriagar, e falar de coisas banais
Vamos passar o tempo e nos passar também
Veja quanta coisa está ao redor!

Vamos desfrutar do nosso pouco talento pra perfeição, e sem culpa
Nos perdoemos pelos estereótipos e por todo o resto que nos enfiaram sem consentimento
Somos todos feitos desse emaranhado solitário, que quer virar rolo,
que quer ser ''feliz''.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Como vai você?

Ontem esbarrei no armário e doeu. Sentei no chão um pouquinho e, chorei. Nem sei se foi só pelo esbarrão, na verdade sei que não foi. Foi porque lembrei da dor, velha sensação amiga. Foi porque tava entalado. Nós ficamos juntos tanto tempo ocupando o mesmo espaço e as vezes ainda me confesso iniciante, amador. Você com aquele seu olhar que dizia pra eu me conter e ao mesmo tempo me aceitava por ser daquele jeito, sorrindo por tamanha ironia, daquele jeito mesmo. Eu fiquei mal acostumado, meus silêncios antes perdoados agora são tortura constante. Tenho que pensar, tenho que sorrir, tenho que me desculpar e falar. Ah ah ah. Quanto desgaste, quanta perda de tempo. Faz 5 anos que não nos falamos e nem sei mais nada sobre você. Não sei se ainda gosta de Los Hermanos, se engordou, achou um homem pra usar de cais, ou se continua o mesmo boêmio triste. Enfim, aquelas conversas nostálgicas de quem não se vê a tempos, nada criativo. Nostalgia essa que, diga-se de passagem, merece até um livro, pois transforma a realidade em uma janela embaçada na qual só os momentos bons pedem passagem. Tudo tolice. Sobre mim não há muito, continuo o mesmo babaca de sempre, com o mesmo mal humor de sempre, e o mesmo silêncio de sempre. Só que parei de chorar, aprendi a engolir, nem sei pra quê me serviu isso. Também continuo cético, com a mesma pouca fé que você conheceu, e preferi não colocar ninguém nesse lugar que você ocupou. Não porque nosso romance foi tão lindo quanto utópico, não.. É que aquele lugar me causou dor sabe, não por você, não por mim, por aquele lugar não existir, e as vezes ainda tenho pesadelos com esse mesmo lugar ocupado.. E isso apavora-me!! Você consegue entender? Por isso eu preferi ter o mundo ao invés de tudo isso. Não consigo evitar, trato todos esses homens como tudo que encontro por aí, se o momento ainda me fizer sorrir, já terá sido o bastante. A sensação de vazio eu disfarço depois com cerveja, abraços e qualquer coisa que vier. Não que eu queira tornar isso uma carta, ou fazer de nós um romance, gosto de você. Perdoe-me, deixe-me corrigir, gosto de lembrar de você, e gosto muito. Não te peço nada também, é apenas um devaneio meu. Sei que tudo acabou tão conturbado, muita mágoa, pessoas que há tanto se pertenceram não se olham mais nos olhos. Hoje nem consigo entender direito como tudo aconteceu. Mas foi assim. E foi bom assim. Até que enfim rompemos com aquele ciclo vicioso. Não éramos mais bom juntos. Tanta coisa boa aconteceu depois. Conheci tanta gente linda, fui pra tantos lugares bonitos, nem consigo explicar o quanto senti. Não que eu vá dizer que acredito no acaso não, não faz meu tipo esse perfil, só quero dizer que acho que as vezes as coisas se encaixam, e acontecem da forma que devem ser, não sei bem a denominação disso. De qualquer forma só quero dizer que não te esqueci, tem um carinho enorme aqui por você e uma vontadezinha de chorar.. Mas também te digo que tudo seguiu, o meu coração também. Quem sabe um dia qualquer nos topemos depois de tanto tempo, e role aquele sorrisinho amarelo e um cumprimento superficial. Tanta coisa na cabeça. Pronto. Meu mundo desaba mas logo volta ao normal. E ele segue. E você também.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Nó no estômago

Querido! Mal posso pensar que já atormentam-me os desvarios. Não sei se você me viu o bastante para que enxergasse tudo isso, mas acho que sim. Você que já me viu de tantas formas, mil vezes bêbada, mil vezes fumante, mil vezes mundana.. Ah querido, quantos corpos e quantos copos se passaram por aqui. Nada ficou. Prometo que não irei tomar a palavra de ''ficou só vazio'', ''ficou só abismo''. Não foi bem assim, e cada um que sabe o peso que o outro têm. Sei lá, e eu não tô pedindo perdão, sei que cultuei essa solidão tão minha, como tatuagem cravada, eu não consigo nem imaginar em perdê-la. Sei que sumi, que esgotei o espaço com todo esse mundo de silêncio, e não tô pedindo compreensão, redenção nem nada do tipo, só quero dizer que eu sei. É que o ''pra sempre'' me assusta, e me assusta mesmo, começa pela falta de ar, depois formiga os pés, como nas crises de pânico. Então eu levanto minha bandeirinha e quando não se vê, eu também já não estou mais ali, não consigo evitar. Eu sei de tudo isso, não tô pedindo um salvador. É que eu gosto de ser um pouquinho triste, e mais ainda, um pouquinho só. Sei que falei pra você de todos os outros, de todas as chances, sei que te quis como amigo antes. Agora eu sumi de novo, de você e de todos os outros, e isso não é uma contradição pra que você venha, não não. Também não venha me colocar em estereótipos,  se eu sumir não mereço nem o bom nem o mau, deixe passar. É a porra dessa sensação que pára na minha garganta e não sai. Ela também fica no estômago, e sempre me deixa assim. Quem sabe a gente se tenha no presente, coisa leve, cerveja gelada, riso bom, sem palavras enroscadas e promessas, promete pra mim. Não me peça nada por favor, acho que isso você também já aprendeu. Quero mais mil cigarros pra tudo isso aqui, só por agora, quero muita coisa, muita coisa leve.          
                                                                                                                    Acho que você já entendeu os meus silêncios.

Um beijo e até mais

Que pena que você se foi.
Eu nem pude explicar por todo aquele silêncio,
e por todo o resto.
Que bom que você antecipou o fim,
poupando-nos de qualquer final clichê.
Que bom que você sumiu bem rápido,
como pedacinho de fumaça,
que logo não se vê.
Nem deu tempo de pensar.
Que pena que não fomos amigos antes do beijo.
A tempo de trocar confidências impuras,
as quais só grandes empatias o podem.
Que bom que foi tudo assim,
assim,
pois o adeus me vêm sempre tão bobo, 
tão patético.
Não houve tempo de todo o resto,
melhor assim.