sábado, 21 de janeiro de 2012

Como vai você?

Ontem esbarrei no armário e doeu. Sentei no chão um pouquinho e, chorei. Nem sei se foi só pelo esbarrão, na verdade sei que não foi. Foi porque lembrei da dor, velha sensação amiga. Foi porque tava entalado. Nós ficamos juntos tanto tempo ocupando o mesmo espaço e as vezes ainda me confesso iniciante, amador. Você com aquele seu olhar que dizia pra eu me conter e ao mesmo tempo me aceitava por ser daquele jeito, sorrindo por tamanha ironia, daquele jeito mesmo. Eu fiquei mal acostumado, meus silêncios antes perdoados agora são tortura constante. Tenho que pensar, tenho que sorrir, tenho que me desculpar e falar. Ah ah ah. Quanto desgaste, quanta perda de tempo. Faz 5 anos que não nos falamos e nem sei mais nada sobre você. Não sei se ainda gosta de Los Hermanos, se engordou, achou um homem pra usar de cais, ou se continua o mesmo boêmio triste. Enfim, aquelas conversas nostálgicas de quem não se vê a tempos, nada criativo. Nostalgia essa que, diga-se de passagem, merece até um livro, pois transforma a realidade em uma janela embaçada na qual só os momentos bons pedem passagem. Tudo tolice. Sobre mim não há muito, continuo o mesmo babaca de sempre, com o mesmo mal humor de sempre, e o mesmo silêncio de sempre. Só que parei de chorar, aprendi a engolir, nem sei pra quê me serviu isso. Também continuo cético, com a mesma pouca fé que você conheceu, e preferi não colocar ninguém nesse lugar que você ocupou. Não porque nosso romance foi tão lindo quanto utópico, não.. É que aquele lugar me causou dor sabe, não por você, não por mim, por aquele lugar não existir, e as vezes ainda tenho pesadelos com esse mesmo lugar ocupado.. E isso apavora-me!! Você consegue entender? Por isso eu preferi ter o mundo ao invés de tudo isso. Não consigo evitar, trato todos esses homens como tudo que encontro por aí, se o momento ainda me fizer sorrir, já terá sido o bastante. A sensação de vazio eu disfarço depois com cerveja, abraços e qualquer coisa que vier. Não que eu queira tornar isso uma carta, ou fazer de nós um romance, gosto de você. Perdoe-me, deixe-me corrigir, gosto de lembrar de você, e gosto muito. Não te peço nada também, é apenas um devaneio meu. Sei que tudo acabou tão conturbado, muita mágoa, pessoas que há tanto se pertenceram não se olham mais nos olhos. Hoje nem consigo entender direito como tudo aconteceu. Mas foi assim. E foi bom assim. Até que enfim rompemos com aquele ciclo vicioso. Não éramos mais bom juntos. Tanta coisa boa aconteceu depois. Conheci tanta gente linda, fui pra tantos lugares bonitos, nem consigo explicar o quanto senti. Não que eu vá dizer que acredito no acaso não, não faz meu tipo esse perfil, só quero dizer que acho que as vezes as coisas se encaixam, e acontecem da forma que devem ser, não sei bem a denominação disso. De qualquer forma só quero dizer que não te esqueci, tem um carinho enorme aqui por você e uma vontadezinha de chorar.. Mas também te digo que tudo seguiu, o meu coração também. Quem sabe um dia qualquer nos topemos depois de tanto tempo, e role aquele sorrisinho amarelo e um cumprimento superficial. Tanta coisa na cabeça. Pronto. Meu mundo desaba mas logo volta ao normal. E ele segue. E você também.

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