terça-feira, 21 de agosto de 2012
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
TEMPO
Por Salvador Dalí
É por acaso mesmo esse Rei que ouço falar?
Quem sabe o próprio belzebu
Quem sabe é sábio é deus
Quem sabe sejam só ponteiros e nada mais
Você é torto
Na verdade você não existe
_
É só loucura da minha cabeça
Você não significa nada
Você chega a corroer
Você me transforma
Você me reduz
Logo não sou mais nada
O que achei que tinha você levou
O que quase alcancei você distanciou
E sua única resposta é para eu ter mais p a c i ê n c i a
Mas eu não entendo nada disso
Você demora e voa
Tudo isso num mesmo instante
E eu te espero
Me arrumo
Arrumo a casa
Enfeito a alma
Logo você se vai.
E eu permaneço na antiga casa que você me deu
Percorrendo os caminhos da memória que você devastou, as faces que apagou..
E que bem deu o tom que quis
E acredita que as pessoas dizem que ainda há muito de você?
Mas ninguém quer esperar eu descobrir
Eles só me mandam correr
Dizem que você é fixo, rígido, como um pai conservador
Mas onde está você que nunca se apresentou?!
Será que poderíamos nos conhecer pessoalmente?
Quem sabe uma xícara de chá
(pressuponho que não aprecie bebidas alcoólicas)..
Tem rugas na cara? Gosta de ir à festas assim como eu?
Mas também sei que é fútil, pois não sei quantas vezes já te perdi por aí..
Andaram falando também que você é moeda de troca,
mas não sei bem se quero acreditar nisso
osrevni ohnimac on odni uotse euq ies óS
Caminhando até que você
p
a
r
e de vez
E eu pare de correr, de esperar
SÓ PARE.
Você tem me conduzido ao longo dos anos
Perturbado, Suave, Tímido
Me deixou algumas cicatrizes também
Mas és tudo que tenho, diriam os otimistas
Dizem até que seremos amigos daqui há alguns anos
Quem sabe eu espere pra ver (ou seria tarde demais?!)
Dizem que você ensina tudo
Mas por quê é que então as vezes sinto como se não soubesse de nada?
E não pudesse esperar tanto?
Você existe em tudo
E ainda sim não sei nem mesmo quem é você.
PS.: ALGUM TEMPO SE PASSAVA ENQUANTO EU ESCREVIA ESSE TEXTO
terça-feira, 7 de agosto de 2012
São Paulo, 21 de Julho de 2000.
Querido Antônio,
Sim, perdoe-me as formalidades, perdoe-me o "querido" logo no início do que lhe escrevo. Mas é que.. tenho saudades, e carinho por ti também. Pode ser esse carinho formal se assim preferir. Tenho visto tuas fotos, tenho visto que andas rindo.. Por falta de mediação melhor vou escrever logo sobre o que me vêm à mente. Você era tão.. tão.. como eu poderia dizer, puxa! Você era um desses rapazes cultos, você era sonhador sabe.. E não me entenda mal quando te "defino" assim, não que você não gostasse de euforia, de rir por rir, desses prazeres baratos mesmo que a gente tem e precisa, mas você era tudo isso junto, e entendia a medida necessária de cada coisa para sobreviver. Você conhecia aquelas mocinhas e logo ia perguntando: "Qual seu filme predileto", "E o seu autor?", "Quer uns livros emprestados?", era até divertido de se ver. Você quase que se desesperava pra buscar aquilo que faltava, tentava e tentava até não dar mais. Perguntava se elas estavam bem, ou falava qualquer frase para ver se despertava qualquer assunto filosófico, e como você gostava de falar desses assuntos.. Todo calmo, dava um longo suspiro, e depois de gaguejar um pouco ia dizendo "Eu.. acho que..", e todo sensato ia falando sobre nossas enfermidades por viver nesse mundo. O que eu mais gostava, era a sua habilidade de se colocar também dentro de tudo, você sabia reconhecer que você também fazia parte daquilo, e sempre deixava em aberto. Recordo o quanto sentia-se mal por ficar forçando aqueles assuntos, aquela coisa de "nós somos únicos no planeta". Sentia-se culpado, quando denominava as pessoas entre "vazias", "cheias", e que definitivamente o problema era você. E como o resto do mundo faz deus?? Você se perguntava.. E voltava mais uma vez pra casa meio frustrado, achando que amanhã você poderia se distrair. Mas também você não era denso, daquelas pessoas que deixam o clima pesado sempre. Não.. você era leve, inteiro, e sabia dar a cada momento o que ele pedia. Na maioria das vezes você afligia-se sozinho, e mais uma vez sozinho carregava e disfarçava suas frustrações. Na verdade a maioria das pessoas achava que você nem sofria desse tipo de coisa, imagine só o que iriam dizer.. Não que você quisesse uma empatia intelectual, existencialista, romântica e blá blá blá.. Você só queria que tivesse um pouco de tudo. Nesses últimos dias percebo que anda cansado, confuso. Acho que se convenceu de vez que tudo isso é utopia, e que.. As pessoas devem aprender a observar outras coisas, e deixar outras surgirem. Começou a ler uns textos que diziam que a empatia corporal é tudo, e que as pessoas não devem ficar se torturando em debates filosóficos internos infinitos. E você pegou isso mesmo pra si. Eu entendo o seu cansaço querido.. Porque você percebeu o quão frustrante era ficar forçando essas situações, buscando algo que nem você sabia direito o que era. Então você foi tentando não pensar tanto nessas coisas, e deixando de ser tão cruel consigo mesmo e com os outros. Aposto que nunca mais mostrou pra nenhuma ficante aquele seu blog de poesia. Que culpa aquelas moças tinham de não se sentirem tristes ou vazias, e veja bem, não confunda as qualificações.. Elas eram educadas, inteligentes, gentis. Só não.. só não.. tinham algo como diz você. Quem sabe nesse universo cheio de possibilidades, eu possa Existir(em letra maiúscula mesmo) em uma nova configuração, repetia você. Sempre tão otimista. Confesso que te escrevendo tudo isso já não sei mais se estou falando de ti ou de mim.. Mas esse deve ser o caminho certo, correto? Novamente não sei mais como terminar esse texto, já que me vi também ao te escrever essa carta. Mas enfim, como o curioso que és sei que está aceitando bem esse encargo, e se divertindo com tudo isso. Ora, vamos ser positivos, essa nova perspectiva será alegre, com vida, e não menos humana por isso. Está só remoendo um antigo hábito cultivado com tanto zelo, logo não irá incomodar.. Você é como todos agora!
Um abraço e um beijo,
De uma velha conhecida.
sábado, 4 de agosto de 2012
Qualquer desabafo pra você
Perdi, dessa vez eu tô fora. Perdi alguém que compartilhava do meu gosto estranho por programas culinários, das músicas de pagodes, das músicas bregas. Pra tentar ser honesta resolvi começar assim, por um texto honesto. Sem muitas figuras de linguagem, ou qualquer eu-lírico que não seja eu mesma, vou deixar à margem inclusive qualquer erro de concordância. Quantas vezes no planeta você conhece uma pessoa assim, que entende que ser mundano é bom, mas nem tanto; que ser triste é vital, mas que uma piada sem graça também pode mudar tudo; que gosta de arte, de poesia, até da sua ironia.. Em que nossos hábitos se tornaram apenas.. nossos hábitos.. Ver um filme, pausa pra água, volta ao filme, pausa pro cigarro, pausa pra rir, pausa pro sexo, hora de comer e depois dormir (ou o contrário).. Imagina o que é fazer sexo com o seu melhor amigo? Eu pude imaginar como é isso. E a gente tinha chegado no status de ''paz", sabe como é? Quando se está com uma pessoa sem a menor preocupação de silêncio incômodo ou qualquer coisa do tipo, parecido como quando se está com familiares só que melhor. E você entendia tudo isso da maneira certa. Putz.. pensa que não sei que posso ter perdido esse tal de "grande amor"? Uma pessoa que eu até aguentaria por muitos e muitos anos, só pelo fato de estar tranquila do lado? É, eu sei.. Nem precisa ficar botando músicas sertanejas pra dizer que tá bem.. Pensa que não me arrependo tremendamente por ter sido tão frágil à ouvidos alheios? Que porra nenhuma sabiam do que se passava por aqui.. Mas a intenção não é provocar nada, mesmo. Até porque acho que as coisas estão onde elas deveriam estar agora. Tinha supervalorização demais por todos os cantos, cantos que nós nem tivemos tempo de partilhar direito.. Tem mentira, traição, e muita mágoa, dos dois lados eu quero dizer. A distância nos privou do fato em si, e deixou apenas essa paz incompensável que a gente tinha. Acho que adoecemos demais com isso também. Pensei um milhão de vezes em te procurar, ao invés de ser covarde e escrever sobre isso depois, pra te pedir desculpas por não ser a pessoa que você merecia. Mas não consegui.. Por todo esse tempo eu tentei te reproduzir em qualquer pessoa, se não era igual a você não servia, e doeu demais descobrir que não era. Descobri que eu precisava mesmo era de um tempo só, de alguém que não fosse uma tentativa minha da sua projeção.. E por mais que me passem pensamentos como, "não, não tem nada haver, é tosco, é absurdo.." é diferente de você. Engraçado porque, isso agora me soa bem entende? Com o resto do mundo não é assim? Quem sabe eu possa criar um novo hábito ou aprenda a gostar de qualquer outro gênero musical.. quem sabe, quem sabe.. Pessoas reais, com expectativas e defeitos reais, nem todas as afinidades do mundo, mas.. Sim, sim, eu perdi demais ao perder você, talvez uma perda irreparável, muito do que eu sou é seu e você sabe disso.. Mas olha, o que a gente pode ganhar a partir daqui quem vai saber? Há sempre mil coisas para amar, gostar, desejar.. E outras mil para aprender.. É estranho ser livre agora.. E nada, nada do que vivemos está perdido, nem o amor. Um sentimento nunca é o mesmo, assim como as estrelas.. Começo a pensar agora que a vida sempre pode reinventar novos caminhos, e não vou dizer que não estou gostando de tentar.
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