Que me desculpem as comédias românticas
Por: desconhecido
Você me percebeu, e eu não pude evitar. Não vou dizer que foi espontâneo (quanta palpitação e o medo de parecer tola), mas que bom que aconteceu. Pudera o ''amor'' ser assim, como nos filmes, um esbarrão e pronto! Estrelas caindo e o tempo parado. Então o romance começa, as pessoas se conhecem, se ''apaixonam'' (a trilha sonora soa bastante inspiradora nessa hora), há uma decepção de alguma forma, em seguida o descreditado busca se redimir, e eles são felizes. FIM. Por quê será que são tão poucos os ''depois do para sempre''? A vida segue, a rotina cansa, as pessoas entediam-se (sem trilha sonora). Aí eu me pergunto e pergunto para outras pessoas, será que existe um amor pra vida inteira? Eu paro, respiro um pouco, e digo que não. Meio insegura ainda, mas afirmo negativamente. Somos tão enraizados de certas crenças, que torturamo-nos tentando nos enquadrar, sem ao menos questionar se existem outras opções. A dúvida é uma dádiva. Qual a minha orientação sexual? Devo ser fiel? Devo casar? Somos conduzidos a esses questionamentos, e nos retorcemos para que caibamos em todos eles. Só há uma falha: Quem disse que são essas todas as nossas opções? Por quê ao invés disso não questiona-se se essa definição de sexual se faz realmente necessária, e se não é algo culturalmente herdado, e se não somos apenas pessoas que gostamos de carinho? Quem sabe ao invés de fazer descer goela abaixo essa idéia de posse de que somos tomados, e que nos adoece por sinal, pudéssemos pensar se nos relacionar com mais de uma pessoa abertamente não nos faria melhor. Por quê todas essas tarjas pretas sobre uma coisa que é tão natural em si, como o corpo? Tanto mistério, culpa e medo tiram a espontaneidade do que fala por si só. As separações se fazem logo na infância, meninas para um lado, meninos para o outro, aquilo é feio, aquilo não pode. Somos seres inteiros e qualquer tentativa de desvencilhação se torna meramente teórica. Na vida real, e sinto informar, as pessoas não estão divididas entre boas e más, uma história de amor nem sempre será feita de episódios bonitos, e os caminhos que cada relacionamento toma nem sempre são seguidos de um ''E viveram felizes para sempre''. E eu respiro de novo e agora afirmo convicta, as pessoas apenas amam. Sentem cada pessoa diferente, as vezes vêm como desejo, as vezes chamam de paixão, noutras de amor. Paixões de infância, paixões platônicas, o ''primeiro'' amor, pessoas que ninguém lembra o nome, e todas aquelas que se relacionam tanto tempo e não dão em nada. E por quê oras haveria de dar? Não quer dizer que não tenha sido amor. Nada deve ser desmerecido, uma pessoa não deve diminuir outra que já passou em sua vida só porque agora outro alguém com um novo sentimento ocupa esse lugar. Sem generalizações, cada pessoa estabelece sua medida nesse processo, o que lhe cabe, e o que lhe faz mais sentido. Mas não é porque crescemos escutando essas lições que elas sejam vias de regra. O objetivo desse texto é a possibilidade da dúvida, e não fundamentar qualquer receita de bolo. Duvidar não é feio, não faz mal e não engorda. Quem sabe se duvidássemos mais não viveríamos de uma forma mais honesta e mais livre, tornando- nos assim mais verdadeiros conosco e com as pessoas que nos relacionamos? Assuntinho clichê, mas é que tenho sido tomada por muitas coisas interessantes, e se por acaso esse texto tomou um rumo utópico, não era essa a intenção (tenho um problema com essas definições ''amor'', ''paixão'' e etc, por receio de que elas parecam estar em degráus, mas por falta de denominações as usarei assim mesmo). De qualquer forma fica a deixa, o amor romântico é um mito, a vida sim é tudo!
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