Deus que me livre de mim mesmo.
E dessa mania de querer, e ser, e ser..
Deus que afaste de mim esse ego enorme, essa vaidade maldita.
Não sei como aconteceu,
na loja eles não avisaram que haveria o risco de eu me tornar robô.
Não doeu, não demorou, nem consentido ou o contrário disso.
Esses dias mesmo fui vendido, 15,99, estava na liquidação.
Num cantinho da cesta, na seção da coleção passada.
É, eu realmente estava mesmo meio passado.
E nos potinhos dos remédios, nas roupas das lojas,
nada de cápsulas, nada de tecido,
o que vendem-se são as promessas de felicidade, liberdade e
irresistibilidade.
Instantâneos, e à pronta entrega de preferência.
Quem poderia dizer não?
Eu também não..
Na televisão, nos comerciais, nas pessoas,
de um consumismo agressivo,
que fere só de se estar perto.
Creio que assim tornamo-nos animais novamente pouco a pouco,
onde querer e comprar se tornou tão natural quanto viver (sem ''demonizar'' nada disso).
Errei a mão no caminho e fiquei assim,
meio que como todo mundo,
meio branco.
Era impossível não digerir um pouco do que me era dado.
Sinto sede e fome, e é óbvio, de muitas coisas.
Não tenho mais nada a dizer,
pois chio agora baixinho,
cheio de sentimentos estranhos,
e muito branco dentro de mim.
Nem quero dizer mais nada,
pois agora sou apenas mais um produto de liquidação.
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