segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Carta para um amigo distante

Olá querido amigo distante,
Por aqui tá tudo tão engraçado. Me sinto como um pássaro as vezes, não no sentido de liberdade, ainda não. Mas no sentido de perdido, avoado, trocando os pés, tropeçando na calçada. Sei que não te escrevo há algum tempo, mas é que nossas conversas estavam ficando clichês demais, por isso resolvi dar um tempo, você entende né? As vezes lembro de nossos momentos, desde que éramos crianças, tão livres, tão soltos.. As experiências capilares, as brincadeiras na calçada, os banhos na chuva, os segredos irreveláveis.. Sinto falta do passado, sinto falta desse exato mesmo riso que me recordo agora, e que me traz uma sensação boa no peito. Mas isso não quer dizer que seja disso que eu precise hoje. Estranho né? Mas sei que você poderá me entender.. Já faz alguns anos que não o vejo. Após alguns meses de que não nos víamos eu ficava um tempão tentando decorar seu rosto, ou lembrar de nossos momentos, acho que era medo de te esquecer. Foi inevitável. Confesso, querido amigo, não sei mais os  desenhos do seu rosto com a perfeição de que sabia no passado, quando penso em você é como se viesse uma fotografia embaçada, vêm apenas a sensação, talvez com você seja assim também. Não sei porque mudamos tanto, será que quando te ver serei ainda aquele menino brincalhão? A vida me deixou mais chato, e eu não quero culpar ninguém não, não acho justo, vou dizer apenas que foi a vida, acho que me tornei aquele adulto que temíamos tanto. Eu sei, eu sei, as vezes nem eu acredito direito, que não vejo mais graça no Chaves e que não tenho mais a mesma coragem de antes.. Paciência né? Você também está chato? Dê-me um alívio, não posso sentir todo esse peso sozinho. Se bem que, já era de se esperar né? Acho que deve acontecer com todo mundo.. Nossa viagem pra Argentina de carro nunca se realizou, nós crescemos ao invés disso e não houve tempo suficiente. Tudo compreensível. Ainda tenho aquele caderninho que você fez a capa com vários bilhetinhos.. Queria apenas voltar a falar das coisas importantes entende, como naquele tempo, por isso essa carta inesperada. Espero que não tenha mudado tanto a ponto de não rir comigo ao final desse pequeno momento nostálgico, é que bateu saudade. Um beijo e se cuida.

Um comentário:

  1. Que doce, aninha! Doce e encaixável em qualquer sentimento verdadeiro de amizade, daquelas que achávamos nunca perder. E não perdemos mesmo, tá aí a prova de que momentos felizes e certos amigos são eternos. Parabéns de novo pelo seu blog lindo e pela sua doçura, terrena!

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